segunda-feira, 13 de setembro de 2010
"Étonne-moi!" ou, quero o Diaghilev de volta
Por Leandro Oliveira
Outro dia conversando com uma amiga dileta, ouvi uma confissão: ela não entendia, havia desistido dos espetáculos de dança. Fora a um recentemente, de linguagem contemporânea e, definitivamente, curtira os meninos sarados, ficara com inveja das meninas bonitas mas... that's it. Não entendera o propósito, achara tudo hermético, se sentira uma idiota.
Comentei solidário - embora eu preferisse as meninas, é claro. Colaborei por muitos anos com espetáculos de dança contemporânea como compositor convidado e, embora tenha tido momentos mágicos na "Tanzhaus Cia. de Dança" no Rio de Janeiro, posteriormente, me vi muitas vezes perplexo com a mentalidade dos responsáveis pela criação da coisa toda que ia ao palco. Eis que deparo-me com um artigo de Laura Jacobs no "The New Criterion" que reverbera essa nossa impressão. O primeiro parágrafo abaixo, o link para o artigo completo (em inglês), logo depois.
Como chegamos aqui? Como chegamos ao ponto onde exatamente cada novo "clássico" é sem sentido? Hoje, estréias de espetáculos de grandes companhias são apresentados com figurinos os mais "antenados" sobre os corpos mais sarados... Eles se jactam invariavelmente de uma série de altas referências, se valem do zeitgeist como se fosse sua própria natureza. Algumas dessas premieres apertam os botões corretos e geram estusiasmo suficiente para radiar sucesso, enquanto outros apertam os botões errados e desaparecem depois de uma temporada ou duas. Não importa qual botão, há muito pouca diferença entre o bom e o ruim. A média do estado-da-arte de cada estréia é tão derivada de Forsythe, Tharp ou Martins que ela parece de segunda mão (mesmo quando os balés são de Forsythe, Tharp, ou Martins, eles parecem de segunda mão). Ou traz de volta antigos clichés. (...)
Para o artigo completo, que parte de tais perplexidades para - através da relação de Balanchine com o empresário Sergei Diaghilev - apontar outros rumos para a cena contemporânea, clique aqui.
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Um comentário:
Thanks for mentioning the magic moments na Tanzhaus.
Com relação ao artigo da Laura Jacobs, pra começar, ela é americana demais. Ou seja, não há como fugir de um certo molde na dança, senão eles ficam nervosos. Não quero me alongar, já é tarde em Paris, mas não resisto em citar só uma coisinha que me deu arrepios. Ela diz:
"Whatever the case, the bottom line is this: just as you must walk before you can run—or leap—choreographers must first learn to tell a story, for everything follows from there."
Acho que ela está no século errado. Ou então, não anda acompanhando os últimos 100 anos de história da dança...
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