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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Pergunte ao Julio Lemos


por Julio Lemos

Que tal as línguas nórdicas e suas literaturas? Já chegou perto do finlandês? Fiquei muito impressionada com o Kalevala e estou me aventurando na língua e tals.
O Kalevala me interessa sim, e o finlandês sempre. Mas falta fôlego por hora. Poxa, fico contente. Congratulations. Depois me conta mais sobre isso. Ih, virou conversa ˆˆ

Por que os livrecos de autoajuda fazem tanto sucesso? O povo está carente?
O povo é burro. Mas anyway, tenho compasión.

Na tua opinião, como é que tem homem que tem coragem de bater em mulher?
Os homens fazem isso porque são, quase sempre - por mais que tentem disfarça-lo fazendo-se de fortes e convictos do seu charme - gente absolutamente insegura, especialmente quando escondem isso a todo custo.

É possível a um homem admirar a beleza plástica de um corpo feminino nu virtuosamente?
Lógico, ô puritano. Frase do insuspeito, reacionário, ultracatólico, etc, Nicolas Gomez Dávila: "Un cuerpo desnudo resuelve todos los problemas del universo". Só não cito um santo canonizado em 2002 para não ficarem chocados.

Epicurioso, epicurista ou epicurado?
Aristotélico.

Quer fazer perguntas ao Julio? Clique aqui.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Pergunte ao Julio Lemos


por Julio Lemos

A gente ainda vai entender o que é a consciência?
Nope. Mas não custa tentar. É o tipo do objeto de estudo que foge quanto mais ansiedade se tem. E temos aí uma ciência da mente bem ansiosa, quase histérica.

Você já foi vegetariano/comunista/ateu? Fala mais sobre isso. Por que o vegetarianismo é gnóstico?
Eu já fui veggie e ateu. Comunismo e coisas semelhantes sempre me fizeram rir. Aos 17 eu entrei numas nóias alternativas e acabei parando de comer carne. Grazadeus durou só um ano. O vegetarianismo é gnóstico porque os gnósticos, quase todos, seguiram essa dieta (é um indício forte, não acha?). Mas no mérito, creio que é porque, no fundo, se postula que comer animais é um ato de violência. Mas somos onívoros; e mudar a dieta não é evoluir. Provar que seria um caso de evolução seria impossível.

Você é impassível à crueldade com animais?! Não digo militante contra, mas onde está seu coração?
Eu sou seletivo com animais: há os de que gosto muito (aves de rapina e canoras, cães & gatos, trutas & salmões, aranhas, escaravelhos, etc) e outros que me dão nos nervos (pombas, com exceção da pomba-do-ar, centopéias, mariposas, etc). Mas você inferiu invalidamente ao pensar que sou a favor de crueldade com animais. Ninguém é a favor disso, e muito menos eu! Gosto mais de animais - e tenho um catálogo deles na minha memória, com nomes científicos, aspecto, hábitos, etc - do que a média. O que me enche as paciências são esses econazis, essas manifestações de adulto de bermuda e chinelo, certas ONGs e esse desprezo pela raça humana. E outra, ficar se derretendo demais diante dos animais é simplesmente retardado; eles não merecem isso.

Como desenvolver o senso crítico?
Lendo muito e ficando muito confuso por 10 anos; e repetindo o procedimento.

"O uso de três verbos é sempre indício de português ruim." Mas quando se usa a locução verbal com "deveria" (deveria ter feito, deveria ter escolhido, etc.), não há alternativa.
Sim, sim. Quando não há alternativa é isso, não há alternativa :-)

Após anos estudando o islamismo, concluí que Maomé foi mais cristão que Cristo. O que acha?
Acho que você é um idiota, mas tudo bem.

Você acredita que bandido bom é bandido morto?
Bem, eu sou bandido. Mas se não fosse, concordaria com você.

Alguma dúvida? Pergunte ao Julio Lemos aqui.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Pergunte ao Julio Lemos


por Julio Lemos

Arrependimento é uma demonstração de burrice?
Não; é uma demonstração de civilização.

Vc acha possivel que, por meio dos teoremas Gödel, seja possível contestar (ou ao menos enfraquecer) a teoria dos sistemas do Luhmann?
Esses teoremas apontam o limite dos sistemas formais; mas a lógica de primeira ordem é completa, certo? Luhmann tinha consciência disso; e creio que isso não afete as suas teorias. É preciso ter em conta que os sistemas descritos por Luhmann descrevem um aspecto da vida social, deixando intactas coisas como o mistério, as origens, etc. Ele sabia que era apenas um Observador. Malgrado isso, há inúmeros pontos fracos nos seus livros -- mas prefiro ele a Habermas, por exemplo.

O que pensa da situação atual dos descendentes de escravos no Brasil?
Eu não ligo nada pra descendentes de escravos. Que coisa mais surreal, bicho. Se é boa gente, é boa gente. Não tem título de nobreza.

Em 2007 eu caia num marasmo intelectual sem fim, derivado da idéia (ridícula) de que já sabia muito e por ficar confinado na universo de referência de uns poucos autores. Você alargou meus horizontes e me fez mais feliz. Muito obrigado.
Você é bem vindo, you're welcome, my unknown friend.

Quero começar a me dedicar ao meu curso de direito, que venho levando na barriga e com desinteresse. Como despertar esse interesse? O que ler? Recomende-me obras, por favor.
Esse interesse tem de aparecer de algum modo. Um bom móvel é colocar a meta de ser o melhor aluno da classe sem parecer idiota como os almofadinhas do direito. Ler os autores clássicos de cada área: Pontes de Miranda, Francisco Amaral e Serpa Lopes (civil); Nelson Hungria (penal); Bandeira de Mello (administrativo); Augusto Becker (tributário); Baptista da Silva (processo civil); Canotilho e Konrad Hesse (constitucional); Alchourrón, Kelsen, Canaris, Larenz e Miguel Reale (filosofia do direito); Moreira Alves e Max Kaser (direito romano). Ler literatura. Enfim, se interessar pelo curso que você escolheu e não ser uma vergonha para o país :)

Quantos anos você tem?
Dez anos depois do assassinato de John Lennon, meu pai tinha o dobro da minha idade, mais seis anos; no ano do ataque às torres gêmeas meu pai fez 41 anos. Agora eu pergunto: que idade eu tenho? Há uma vírgula aí, estrategicamente colocada, que decide a questão.

Alguma dúvida? Pergunte ao Julio Lemos.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Pergunte ao Julio Lemos


por Julio Lemos

"Fulano é legal, mas é bobo" é diferente de "Fulano é bobo, mas legal." Por que você acha que isso acontece?
Isso já deu tese de doutorado. As duas orações coordenadas formam nos dois casos uma só proposição complexa; a diferença entre as duas está na ordem das orações, mas na prática o elemento bombástico é o conectivo "mas". Fosse um conectivo lógico como "e" (na forma A.B), não teríamos problema; o sentido e a referência seriam os mesmos. O uso corrente da conjunção "mas" nesse caso é justamente expressar essa diferença: "A(x) mas B(x)" ≠ "B(x) mas A(x)". "Mas" aqui não pode ser identificado como um conjuntivo lógico, embora aparentemente se comporte como tal (em outras palavras: logicamente, A(x) . B(x) = B(x) . A(x), sendo .=def "mas"). Pragmaticamente, entretanto, não há dúvidas de que o sentido primeira proposição é quase sempre: Fulano é legal, mas o que prevalece é o ser bobo; e vice-versa. A última oração, o que segue ao "mas" é o juízo "forte". Se o qualificativo nessa última oração é negativo, a frase inteira assume esse valor, e vice-versa. Respondendo: eu acho que isso acontece porque, no caso do juízo negativo ("mas é bobo") existe um ataque à perfeição do sujeito que acaba por prevalecer; e no caso do juízo positivo, temos uma vitória da benevolência que chama, por sua vez, a atenção.

A finalidade do casaco de pele é a ostentação, o meio é a crueldade. O senhor acha mesmo bonito fazê-lo?
Não tem nada de crueldade. Quem come carne contribui com tudo isso, e não vejo problema algum. Ostentação pode ser com casacos de pele ou com talheres de prata na mão de mendigos (isso já aconteceu).

Tem interesse em homeschooling? Recomenda algo para pai novo ler? Método? Qualquer coisa...
Sim, não, não, nada. :)

O direito à vida não inclui o direito a ganhar a vida produzindo ou participando da produção? Como uma pessoa livre participa da produção através de sua força de trabalho ou de seu capital, o direito à vida não inclui o direito à propriedade dos meios de produção?
Bicho, 'tou pouco me ferrando com esse "direito". O único com que me importo é o direito de entrar em um contrato livremente; ou melhor, no DIREITO DE SE VIRAR sem o Estado enchendo o saco

O que pensa do ateísmo militante e de nomes como Richard Dawkins (claro, sua obra é bem mais do que isso), Christopher Hitchens e Michel Onfray?
Uma merda, para ser franco.

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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Pergunte ao Julio Lemos


Por Julio Lemos

Poderia expor a sua opinião a respeito do sucesso que vem obtendo os livros de auto-ajuda? Não há nada que se possa salvar nos escritos de, v.g., Paulo Coelho ou Zíbia Gaspareto? Agradeço desde já por responder.

Eles são fáceis de ler, iludem pessoas que querem ser enganadas e podem ser encontrados em qualquer livraria. Gostei muito do comentário forte de Woody Allen no seu último filme (You Will Meet a Tall Dark Stranger); ele mostra como o auto-engano faz sucesso como consolo ilusório, e o quão ridículo é. Algumas pessoas se beneficiam disso e, por esse motivo, nunca ataquei ninguém conhecido por ler essas coisas. Indicaria aquele livro do G. Reale "Mais Platão e menos Prozac". Mas não posso afirmar que não há nada que se possa salvar nesses livros; acho improvável, contudo. Cada um responda à sua consciência pelo emprego do seu tempo e pela qualidade de suas leituras.

Jesus Cristo comia carne, o que os veggies cristãos radicais têm a dizer sobre isso?

Quase todos se calam; mas alguns ainda tentam justificar que Cristo apenas estava contemporizando a galera para não chocar. Há passagens na Patrística defendendo a superioridade do vegetarianismo, mas - até onde li - sempre com um tom de penitência, e não de humanização dos animais. Várias ordens religiosas (entre as mais duras: cartuxos alemães, carmelitas descalços, trapistas e sei lá mais quem) têm como regra a abstenção de carne, mas por jejum. Quando almoçam fora - e em alguns casos há exceções em certos dias, em que comem carne dentro do mosteiro - não rejeitam a carne. O cabeça dos trapistas no Brasil - insuspeitos de contemporização -, quando vem a SP, sempre vai a uma churrascaria. E o homem é dos mais eruditos sujeitos reclusos vivendo no país (acho que ele é nova-iorquino). O vegetarianismo como superioridade é uma das teses mais gnósticas e anti-cristãs de que tive notícia. Eu já fui vegetariano e tenho certeza de que aquilo era pura vaidade e puritanismo.

"O uso de três verbos é sempre indício de português ruim." Mas quando se usa a locução verbal com "deveria" (deveria ter feito, deveria ter escolhido, etc.), não há alternativa.

Sim, sim. Quando não há alternativa é isso, não há alternativa :)

Neoliberais traçam paralelos entre nazi/fascismo e comunismo. Apesar do autoritarismo em comum, muitas manifestações nazifascistas eram justa e enfaticamente contra o comunismo. Fachada? Paradoxal? Como explicar?

O paralelo é perfeitamente legítimo. Há tanto em comum entre essas idéias (e práticas!) que dá até sono tentar diferenciar. A oposição era semelhante à diferença entre anarquistas e socialistas, entre socialistas e comunistas, etc etc etc. Todos utópicos, estúpidos, violentos e bregas.

Pois é. Sempre achei estranho ler uma apologia à intervenção estatal máxima nos textos do Mussolini e vê-lo atacando o marxismo. Pensei mesmo que fosse jogo de palavras. Valeu, Julio.

Ele e Hitler estavam intoxicados de marxismo, mais que de qualquer outra coisa. Ambos eram socialistas genuínos, com matizes diferentes (racialistas, nacionalistas). A luta nazifascista era meramente sectária.

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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Pergunte ao Julio Lemos


Por Julio Lemos

Sei que é pergunta de leigo, de jornalista, mas vou tentar de novo: qual é a importância do Direitor Romano nos dias atuais?

Se você fizer essa pergunta em Portugal, na Escócia, na Itália, na Espanha ou na Alemanha, vão achar que você é um alienígena. Quem me disse isso foi um jornalista português, João Pereira Coutinho. No Brasil não existe cultura. Ergo.

Situação concreta: o sujeito tem uma namorada, sente que gosta dela bastante pelo caráter, porque o trata bem, mas sente que não corresponde que ela não corresponde à imagem sedimentada há anos em seu interior "daquela que lhe foi destinada." Que fazer?

Não acredito em um alguém "destinado" a outro. A realidade está sempre por fazer: o futuro ainda não aconteceu. Ou ao menos é assim que a realidade se nos apresenta (o problema do determinismo pode ser resolvido da mesma forma); não temos informação para lidar com um mundo pré-determinado, com futuros já dados. No contexto 'romântico', é evidente que certas pessoas estão mais por assim dizer *talhadas* para nós. Mas é sempre bom reformular nossas expectativas cristalizadas sobre como deve ser uma mulher (ou um homem): pode se tratar de uma birra, de falta de realismo. Não há resposta exata a essa questão. De certo modo, acredito na Providência. Mas mesmo ela não é resultado de uma função matemática; e seus sinais são certamente inexatos.

O que você responderia a alguém que dissesse: "Eu não escolhi nascer. A vida é uma piada de mau gosto. O que quer que houvesse antes da existência, era melhor do que isto. Logo, por não ter escolhido, não aceito responsabilidades."

PAFT - ACT LIKE A MAN

Oscar Wilde, que pensas?
Um dos caras do final do séc. XIX: mestre da ironia, do sentido de mistério, um homem profundamente triste -- pari passu um escritor da alegria e da perda. Gosto montã daqueles contos publicados acho que em 1889, "The Happy Prince & Other Stories", uma das coisas mais líricas (em sentido impróprio) que li entre os ingleses. "The Nightindale and the Rose" é pura 'sad beauty', que nos faz querer chorar litros em agridoce.

Escondida nele - Wilde parecia muitas vezes um dandy sem mais, um homem frívolo e gratuitamente provocador - estava uma profunda sabedoria, algo quase chestertoniano, posto que depressivo.

Lembro de uma gafe numa obscura tradução portuguesa de "The Importance of Being Earnest" -- "A importância de ser Ernesto"... Só pra recomendar a leitura direto no original.

Quando entrou para o Dream Team?
Vc diz a Dicta? ˆˆ Sempre estive lá.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Pergunte ao Julio Lemos


Por Julio Lemos

Qual é o sujeito do primeiro verso do Hino Nacional? Não vale pesquisar. 30 segundos para responder. Valendo!
Ouviram... o brado retumbante / de um povo heróico (inversão). A crase resolve: se consideramos "às margens plácidas", temos um sujeito indeterminado; se consideramos "as margens plácidas", temo-las como sujeito. Tertium non datur. Corrija-me se estiver errado.

Quais obras sobre história do direito você recomenda? Acha importante o estudo disso? Nos cursos acadêmicos brasileiros não se comenta nada...
Sim, lógico que é importante. Perguntar quase ofende. Defendo pena de morte para professores (que dirá de juristas...) que ousem esnobar a história do direito, e joelho no milho para os estudantes que engulam isso. Recomendaria a "História do direito privado moderno" do Wieacker, além da "Introdução histórica ao direito" de Gilissen. Anyway, meu interesse no direito não é histórico.

O que você acha sobre o dadaísmo, o futurismo o surrealismo e o abstracionismo modernista?
Os três primeiros são apenas aquilo: "ah, legal" e acabou. Ninguém lê, por exemplo, o manifesto futurista. Já a arte abstrata sempre teve um pouco mais a dizer e é mais permanente. Ainda assim, serve mais para decorar consultórios.

Você é a favor de pesquisa com células-tronco embrionárias?
Ser a favor ou contra é um pouco simplista. O que acredito é que experimentar com embriões é grotesco. Enquanto continuarem a proteger ovos de tartaruga faço questão que protejam embriões humanos. Ocorre que os boçais não pensam nesse tipo de contradição.

Júlio, a realidade é construção.
Então desenhe um avião e dirija-se ao portão de embarque.

Julio Lemos é editor de Ocidentalismo.org, além de consultor informal para todos os assuntos e especialista nos outros. Quer fazer alguma pergunta? Clique aqui.
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