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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Bruckner, crítica e um místico

Por Leandro Oliveira

A música de Bruckner tem sido motivo de diversas controvérsias, desde o tempo quando o autor era ainda um pouco conhecido professor do Conservatório de Viena. Comenta Sigmund von Hausegger:

Como no "Caso Wagner", os partidários e oponentes de Bruckner fizeram uso livre do tipo de exagero que serve para aguçar antagonismos pessoais mais do que clarear as questões de fato envolvidas. (...) Compositores assim como críticos litigaram com opiniões extravagantes, e ali a linha demarcatória seguia de maneira muito próxima a divisão entre 'brahmsianos' e 'wagnerianos'. Wagner aceitou de Bruckner a dedicatória da Terceira Sinfonia, convidou-o a Bayreuth e abençoou como 'o único sinfonista que se aproxima de Beethoven...' No terreno de Brahms, armas erguidas, mesmo o compositor, usualmente reticente quanto a controvérsias públicas, comentou em algum momento: 'Bruckner? Este é uma fraude que será esquecida um ano ou dois depois de minha morte.... Após a morte de Wagner seu partido naturalmente precisa de outro papa, e eles tramam de forma a não restar nada melhor que Bruckner. Você realmente acha que alguém nessa massa imatura tem a menor noção do que estes selvagens são?' Bastaria ainda este que é o cúmulo da extravagância, publicado por um dos mais admiravelmente distantes e críticos dos compositores, Hugo Wolf - 'um toque de cimbale em Bruckner vale mais a pena do que todas as sinfonias de Brahms, com suas serenatas jogadas ao largo' - para demonstrar a dimensão como o partidarismo acrítico e subjetivo dominava o julgamento musical.

Até hoje a controversia segue, não só no terreno da avaliação da composição, mas ainda da leitura de sua música. Sergiu Celibidache chegou a dizer

Há regentes brucknerianos que nunca tocaram uma sinfonia de Bruckner! São como pilotos de camelo que jamais entenderão qualquer coisa sobre Bruckner.

Ai, doeu né? Mas olhando o sujeito preparar a Sinfonia nª9 de Bruckner, não temos como não tirar o chapéu.


A Osesp executa esta semana a Sinfonia nº 9 em ré menor, WAB 109 de Anton Bruckner (1824 - 1896).

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