Por Leandro Oliveira
Exatamente três anos atrás ficamos órfãos de Márcio Montarroyos.
Apesar da distância de nossa idade, formávamos um círculo muito próximo e eclético de amigos: ele e a Cris sua esposa linda, Cesarina Riso, Nelson Freire, Miguel Abrãao, Alberto Vescovi e Sabina (meus cumpadres), Alberto Nicolau, David Hadjes, o Rubens Farias, Marquinhos Portinari, Malena belíssima... Cada um de nós fazendo nossas vidas e escolhas cheias de erros e acertos, tentando discernir o que "no meio do inferno não é inferno" e seguindo em frente. Uníamo-nos por tardes inteiras, tardes que se tornavam dias e noites cheias de música e vida. Momentos despretensiosos e inesquecíveis.
Monta foi um amigo querido em uma fase muito importante da minha vida - aquela onde tomamos as decisões sobre o futuro profissional, sobre quem queremos ser e o que queremos deixar no mundo. Na verdade, sigo tomando diariamente tais decisões, mas a convivência com Marcinho me fez imaginar que era aquela alegria, inteligência e prazer permanente da arte que definitivamente eu deveria perseguir.
E segui meu caminho. Com minha transferência para São Paulo, o "mantra" da cidade caos acabou com a regularidade extraordinária daqueles dias extraordinários. Comecei a trabalhar com Neschling na Osesp, sai e voltei à Sala São Paulo e desde então sigo aqui meus dias trabalhosos e heróicos.
Alguns de nós nos distanciamos. Às vezes penso que tudo tratou-se de um sonho; às vezes acordo de sonhos que me fazem imaginar a vida como uma premonição e intuo que tudo retornará, que nos encontraremos todos nos preparativos de uma pescaria interminável, amarrando o bote à lancha que nos levará à luz do Sol e às nuvens leves de uma baía eterna. Ali ouviremos uma sonata de Beethoven e o veredicto de Márcio que aquele acorde em Ré maior é azul - e gargalharemos e estaremos felizes.
"Wave" com o trompetista Márcio Montarroyos é um presente que recebi e compartilho com todos neste domingo 12 de dezembro de 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário