A filosofia da linguagem guarda meandros por vezes inusitados.
por Leonardo Valverde
Tenho andado bem ocupado, por isso não tenho colocado nada aqui.
Mas tenho meditado numa palavra em sânscrito, que por sua vez leva-me ao verso 15 do capítulo 15 da bhagavad gītā:
A palavra é hṛdaya, ou ‘coração’. Podemos analisá-la assim:
hṛdaya > hṛd > hṛ = tirar, oferecer, suportar.
Minha meditação tem sido em cima destas três acepções da raiz (dhātu) aí acima.
Pensem nelas e em como o coração está ligado (metaforicamente) às acepções!
Toda palavra (nome) em sânscrito vem de uma raiz (dhātu), que é responsável por um dos significados (o mais profundo) da palavra em questão. No sânscrito, a filosofia da linguagem não é uma especulação mental, tipo a encontrada em Wittgenstein, não, ela vem da própria palavra, de sua raiz. É daí que extraímos o significado profundo de um objeto que a palavra (a escrita) denomina.
Já o verso (śloka) diz assim:
सर्वस्य चाहं हृदि संनिविष्टो
sarvasya cāhaṁ hṛdi saṁniviṣṭo
E Eu estou adentrado no coração de todos.
sarvasya cāhaṁ hṛdi saṁniviṣṭo
E Eu estou adentrado no coração de todos.
É o que Kṛṣṇa diz a Arjuna numa das estrofes mais lindas da gītā.
Retirado de LeonardoValverde.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário