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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Por favor, inclua-me fora dessa

por Leandro OLiveira

Somos todos um pouco personagens do Rubem Fonseca. Cobramos tudo - nos devem bem-estar, comida barata, roupa de luxo... aí vem a chuva e vemos todos nossas carências projetadas na realidade. Então, por que não?, fazemos a festa; é hora de cobrar não por nós, mas por uma boa causa.

Um e-mail tratava do Ronaldinho (?) e pedia para que eu participasse de uma lista de assinaturas que cobrava do jogador a doação de seu primeiro salário no Flamengo às vitimas da serra carioca - o mesmo Flamengo que deveria deixar de fazer sua festa de comemoração da chegada do craque para "fazer melhor uso do dinheiro".

Outro abaixo-assinado comentava sobre a iluminação natalina carioca e seu patrocinador - um grande banco privado: a idéia era que o banco revertesse seu investimento de patrocínio na Árvore de Natal da Lagoa ou em outras iniciativas similares em ações para socorro das vítimas...

Desagrada-me o, por assim dizer, "dinheirismo" da coisa. É como se a solução para este momento do desastre fosse investimento de dinheiro. Nada mais falso: falta, todos sabem a esta altura, mais organização que grana. É a comédia "apertem os cintos, o piloto sumiu" tornada trágédia. A bem da verdade, no meio da corrupção vexaminosa da cultura carioca, um milhão ou cem milhões de reais podem vir a ser nada.

A máxima: estes abaixo-assinados são fruto do prazer mórbido de tungar "poderosos" e, de quebra, aliviar a consciência sem sair do próprio ar condicionado.

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O Michel Onfray - que Julio Lemos acha uma merda - desanca o Freud, argumentando a psicanálise ser tão séria quanto ufologia. Robert Rowland Smith defende o mestre e seu método menos pelos seu valor auto-declarado e mais pela forma como seu tratamento acaba organizando a relação paciente-terapeuta.

Lembrei certa vez, na Sala São Paulo, quando sentamos eu, um maestro famoso e uma senhora muito perfumada de cabelos arroxeados, lado a lado. A sétima sinfonia de Beethoven. Ao final da primeira parte, reconhecendo-nos, ela se dirige ao maestro e diz "o senhor sabe, eu não gosto muito de Beethoven".

Ele muito respeitosamente responde: "madame, isso definitivamente não faz a menor diferença".

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E já que estamos - estamos? - muito estimulados pela pós-modernidade - quem não estaria? - vamos falar um pouco da Idade Média.

Sabe aquele seu filho que estuda Comunicação Social na ECA-USP? Assim como as do Bob Marley e John Lennon, ele certamente guarda camisetas do Hamas.

O que é isso?

É uma gente fina que prendeu há pouco tempo umas 150 mulheres sob a acusação de bruxaria.

Sweeties aren't they?

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