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sábado, 13 de novembro de 2010

Isonomia


Por Pedro Gonzaga

Isonomia

A nação está em festa
enquanto meu coração
cravejado de estilhaços
pulsa lento
e supura sangue.
A raiva não arrefece,
lamento o revólver
de meu avô
que perdi
para o desarmamento.
Ah, o creme da empunhadura -
láctea madrepérola -
o cano cromado,
a solução ruidosa
no tambor
as seis balas fúteis,
a curva sutil,
fria
e logo quente
do gatilho.
Em casa
(as mãos nuas)
vejo pela televisão
que já não há mais
coragem no mundo.
Há tentativas,
negociações,
liminares,
o bárbaro de terno e gravata
termina sorridente,
e então percebo
que talvez nem à bala
pudera haver
isonomia.


Weather Reaport

- Depois da chuva
vem sempre o sol -
disse a menina,
faceira e inestática.

Para ela tudo era novo,
as ruas de Londres,
os vidros baços do pardieiro,
lovely and charming para turistas.

- Vamos a Camden,
vamos a Camden -
ela gritou,
envolta apenas
em seus cabelos.
- Chove – respondi,
cobrindo o peito murcho,
as mãos ainda trêmulas do esforço.
- Mas olha ali,
olha o céu,
já está clareando.
Vamos,
vamos logo!

Fé luminosa,
crença singela de que o melhor
virá com a simples seqüência dos dias...
Infinito aparente que é a juventude.

Retirado de pedrogonzaga.wordpress.com.

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