por Leandro Oliveira
Não costumamos fazer agenda de espetáculos no Ocidentalismo.org, mas não posso deixar de recomendar "Anticlássico - uma Desconferência e o Enigma Vazio" da Alessandra Colassanti.
Uma bailarina de vermelho, recém-saída de um quadro de Dégas, profere uma "desconferência" sobre o "enigma vazio". Diz-se amiga íntima da Monalisa e profere referências e frases de efeito: Walter Benjamim, Foucault e Derrida. Diz ter sido namorada de celebridades modernistas, ídolos pop e ícones contemporâneos.
Uma sátira ao desconstrucionismo. A Alessandra é o máximo.
****
Toda mídia especializada preocupada com "a impressão de uma identidade própria" pela Marin Alsop na Osesp. Cheguei a ler algo como "o maior desafio da nova maestrina titular da Osesp é moldar a orquestra à sua imagem e semelhança, dar-lhe uma identidade musical". Sinceramente, falta do que dizer: todo profissional da área sabe que, hoje, o maior desafio artístico de uma orquestra é conseguir ser de tal forma maleável a poder executar repertórios distintos sem "sotaque"; Mozart diferente de Beethoven e este diferente de Wagner. E, ainda, saber responder a visão de mundo de cada intérprete convidado a subir ao pódio.
Poucos dizem, mas entre as atribuições do Regente Titular da Osesp está a participação na seleção de novos músicos. Como a seleção de ministros do STF, é aí que reside a parte mais sensível para a formação desta maleabilidade rigorosa, com perdão do aparente oxímoro.
Como fazer? É necessário adequar o repertório às necessidades da formação e do público; aumentar, a cada encontro, o vocabulário técnico da orquestra. Esse foi o esforço de Abbado e agora Rattle na Berliner Philarmoniker, ou Gilbert com sua Filarmônica de Nova Iorque. Ou de Valery Gergiev em seus celebrados encontros com a Filarmônica de Viena.
O mais é esperar o tipo de relacionamento antiquado onde uma espécie de "Grande Pai" forma com a orquestra sua família. "À sua imagem e semelhança"? Deus nos livre. Não há o "som Rattle" ou o "som Gilbert" simplesmente porque não se espera isso deles. Temos orquestras que funcionam como organismos vivo, responsivos e responsáveis, a executar distintas obras do repertório em seus diversos estilos e com total familiaridade.
Do ponto de vista da "formação da orquestra", é isso que devemos esperar de Alsop na Osesp, não uma instituição "à sua imagem", seja lá o que isso queira dizer. E para isso, é inquestionável, ela é mais do que adequada, como mostrou em seu Mahler do ano passado.
(Mahler é um compositor cheio de dificuldades na construção de planos sonoros idiossincráticos. Exatamente ali, Alsop foi uma craque.)
Não costumamos fazer agenda de espetáculos no Ocidentalismo.org, mas não posso deixar de recomendar "Anticlássico - uma Desconferência e o Enigma Vazio" da Alessandra Colassanti.
Uma bailarina de vermelho, recém-saída de um quadro de Dégas, profere uma "desconferência" sobre o "enigma vazio". Diz-se amiga íntima da Monalisa e profere referências e frases de efeito: Walter Benjamim, Foucault e Derrida. Diz ter sido namorada de celebridades modernistas, ídolos pop e ícones contemporâneos.
Uma sátira ao desconstrucionismo. A Alessandra é o máximo.
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Toda mídia especializada preocupada com "a impressão de uma identidade própria" pela Marin Alsop na Osesp. Cheguei a ler algo como "o maior desafio da nova maestrina titular da Osesp é moldar a orquestra à sua imagem e semelhança, dar-lhe uma identidade musical". Sinceramente, falta do que dizer: todo profissional da área sabe que, hoje, o maior desafio artístico de uma orquestra é conseguir ser de tal forma maleável a poder executar repertórios distintos sem "sotaque"; Mozart diferente de Beethoven e este diferente de Wagner. E, ainda, saber responder a visão de mundo de cada intérprete convidado a subir ao pódio.
Poucos dizem, mas entre as atribuições do Regente Titular da Osesp está a participação na seleção de novos músicos. Como a seleção de ministros do STF, é aí que reside a parte mais sensível para a formação desta maleabilidade rigorosa, com perdão do aparente oxímoro.
Como fazer? É necessário adequar o repertório às necessidades da formação e do público; aumentar, a cada encontro, o vocabulário técnico da orquestra. Esse foi o esforço de Abbado e agora Rattle na Berliner Philarmoniker, ou Gilbert com sua Filarmônica de Nova Iorque. Ou de Valery Gergiev em seus celebrados encontros com a Filarmônica de Viena.
O mais é esperar o tipo de relacionamento antiquado onde uma espécie de "Grande Pai" forma com a orquestra sua família. "À sua imagem e semelhança"? Deus nos livre. Não há o "som Rattle" ou o "som Gilbert" simplesmente porque não se espera isso deles. Temos orquestras que funcionam como organismos vivo, responsivos e responsáveis, a executar distintas obras do repertório em seus diversos estilos e com total familiaridade.
Do ponto de vista da "formação da orquestra", é isso que devemos esperar de Alsop na Osesp, não uma instituição "à sua imagem", seja lá o que isso queira dizer. E para isso, é inquestionável, ela é mais do que adequada, como mostrou em seu Mahler do ano passado.
(Mahler é um compositor cheio de dificuldades na construção de planos sonoros idiossincráticos. Exatamente ali, Alsop foi uma craque.)
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