por Leandro Oliveira
A semana começou com a entrega do prêmio Carlos Gomes, uma das mais vistosas vergonhas alheias a que me submeti no passado recente - a outra foi ver um amigo como figurante de uma novela das oito, mas isso é bobagem. Nunca fora antes de segunda, e nunca voltarei após esta edição. O prêmio é a mais inequívoca ilustração da ausência de auto-estima do nosso meio musical clássico, o modo evidente de mostrar que, fora a Osesp e sua Sala São Paulo, o Festival de Campos do Jordão e eventos isolados do Cultura Artística e similares, a mediocridade segue soberana entre os formadores de opinião e críticos, que nosso mercado de música clássica é indigente não porque merecemos mas porque queremos. O prêmio Carlos Gomes é onde todos, cumpadres e cumadres, vão prestigiar os amigos dos amigos. Baixa política entre artistas.
A melhor coisa do prêmio foi a ausência de Antonio Meneses.
Após tal auspicio, foi feliz, não posso deixar de dizer, o encontro com mais de noventa pessoas - a maioria crianças - no curso de história da música que ministrei em Mauá, à mercê do projeto Osesp Itinerante. Nove horas onde pudemos ao menos tentar entender o que vale neste mundinho musical, estas mensagens deixadas para nós por nossos antepassados. E fazermos loas a quem loas merece: os gênios que deixaram sua arte para nós.
Ali, no meio de nossas parcas disponibilidades, tentávamos nos aproximar desta coisa extraordinária que é a tradição clássica. Sem pompa ou falatório, estávamos inteiros. Era a melhor maneira de esquecer a mediocridade de André Heller-Lopes...
Deverei falar, se tiver paciência, um pouco mais do prêmio Carlos Gomes, o maior embuste do nosso mundo cultural. Maior que o Jabuti. O Rei está nú, ninguém fala pois todos de um jeito ou outro se locupletam.
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