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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Os jogos da ópera - curso

O Curso
A principal chave para compreendermos a natureza da ópera é saber que sua forma primária de expressão é a música. Embora palavras, cenários, figurinos e iluminação contribuam de forma decisiva para sua contundência, o fato é que na ópera a parte interior das situações, a caracterização dos personagens e suas emoções, a qualidade e transformação das relações, ou seja, a própria verdade subjacente daquilo que ocorre no palco, são comunicados pela música.

Preservando os tantos elementos comuns ao teatro e dança, a tourada ou aos esportes, o meio primário da expressão de uma ópera é diferente. E se é verdade, como tem sido dito freqüentemente, que a música tem o poder de atuar mais profundamente em nossa emoção que as palavras, isso necessariamente nos permite concluir que a ópera, entre os gêneros dramáticos, é o mais radical veículo expressivo, em vários aspectos.

Os Encontros
Destinado a amantes de música, arte e cultura em geral, o curso é pensado para interessados com pouco ou nenhum conhecimento específico – leigos, diletantes ou amadores - que queiram aprofundar seus conhecimentos do gênero. Serão apresentados exemplos musicais, analisados textos originais e produções específicas, e ministrados exercícios práticos ilustrativos entre os participantes.

Os encontros acontecerão mensalmente aos domingos, das 17h00 às 19h30 em uma simpática e aconchegante casa de Higienópolis.

Facilitador
Leandro Oliveira é o anfitrião do projeto “Falando de Música” da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Foi assistente musical do maestro John Neschling entre 2003 e 2006, tendo trabalhado na elaboração e acompanhamento das temporadas 2004, 2005 e 2006, na implantação da Academia de Música, a produção executiva dos Concursos de Regência Orquestral além dos programas de TV e rádio da orquestra. Atualmente leciona ainda nas classes de Apreciação Musical do projeto Osesp Itinerante. Doutorando em Comunicação pela USP e mestre em música pela UFRJ é editor da revista digital Ocidentalismo.org.

Incrição
As vagas são limitadas. Para inscrição faremos uma pré-seleção a partir do envio de nome completo, profissão, telefone para contato e endereço para o email cursos@estudiodecultura.com.br.

Não mais de 12 vagas. Espalhem!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

La paura de Fellini

Steiner a Marcello no "La Dolce Vita". Um pouco (bastante) schopenhauriano, acho...


Qualche volta, la notte, quest’oscurità, questo silenzio, mi pesano. È la pace che mi fa paura. Temo la pace più di ogni altra cosa: mi sembra che sia soltanto un’apparenza, e che nasconda l’inferno. Pensa a cosa vedranno i miei figli domani... il mondo sarà meraviglioso, dicono! Ma da che punto di vista, se basta uno squillo di telefono ad annunciare la fine di tutto? Bisognerebbe vivere fuori dalle passioni, oltre i sentimenti, nell'armonia che c'è nell'opera d'arte riuscita, in quell'ordine incantato... Dovremmo riuscire ad amarci tanto... da vivere fuori dal tempo, distaccati... distaccati.

Às vezes, à noite, esta escuridão, este silêncio, me oprimem. É a paz que me amedronta. Temo a paz mais que qualquer outra coisa: me parece apenas uma aparência, e que oculte o inferno. Pensa o que verão, amanhã, os meus filhos... o mundo será maravilhoso, dizem! Mas de que ponto de vista, se basta um toque de telefone para anunciar o fim de tudo? Precisaríamos viver fora das paixões e os tantos sentimentos, na harmonia que há a obra de arte completa, e sua ordem encantada... Deveríamos conseguir amarmo-nos muito... a ponto de vivermos fora do tempo, soltos... soltos.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Arte e violência, um livro



por Leandro OLiveira

Uma indicação proveitosa a todos os interessados no tema "violência" e "arte" parece ser o livro "The Art of Cruelty" de Maggie Nelson. No New York Times Sunday Book Review:

(...) Of course, the aesthetic program of cultural modernism has long been summed up by the maxim épater la bourgeoisie. Rather than taking this directive for granted, Nelson delves into the varieties of cruelty perpetrated on us bourgeois for our supposed betterment, what the art critic Grant Kester has called the “orthopedic aesthetic.” The art of cruelty aestheticizes violence, in not necessarily scrupulous ways. It can be reckless and scattershot, provoked by the desire to make others feel as bad as the sufferers of injustice and trauma whose experiences are vicariously borrowed by artists shopping for shocks. It bludgeons audiences into getting the point. It’s responsible for a century of art-world Nurse Ratcheds, wielding jolts of aesthetic electroshock therapy and taking unseemly pleasure at rubbing people’s noses in pain. (...)

Para ler a crítica na íntegra, clique aqui.

Para encomendar o livro, clique aqui.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Osvaldo Lacerda, compositor brasileiro

Na folha online:

Um dos principais representantes da escola nacionalista no Brasil, o compositor paulistano Osvaldo Lacerda morreu de falência múltipla dos órgãos nesta segunda-feira (18), em Taquaritinga (SP), aos 84 anos de idade.

Ao lado de sua mulher, a pianista e ex-aluna Eudóxia de Barros, 74, Lacerda era ativo divulgador da música erudita brasileira. Laureada com diversos prêmios, sua produção destaca obras vocais, pianísticas e de câmara, seguindo a cartilha do nacionalismo de seu mestre e guru, Camargo Guarnieri (1907-1993). (...)


Na íntegra, aqui.

Pärt e o Papa


por Leandro Oliveira

Os alunos do "Falando de Música" desta semana puderam ter uma experiência extraordinária indubitável que foi a performance do Te Deum do compositor estoniano Arvo Pärt. Pärt acaba de realizar uma partitura para o Papa Bento XVI. Seguem comentários de Tom Service (com um presente especial para os fãs do compositor ao final do post).

Monday was a busy day for Estonian composer Arvo Pärt. He played a new piece for the pope, in the preternatural presence of the pontiff, called Vater Unser, celebrating the 60th anniversary of Benedict's ordination. But thanks to his publisher, Universal Edition, you can share in the glory of the performance from Pärt himself and Heldur Harry Pölda, an Estonian boy soprano, and hear the first two-thirds of their recording of the piece here, where you can also see the first page of the manuscript score. (...)

Para o post na íntegra clique aqui.

sábado, 16 de julho de 2011

Minczuk fora da direção artística

por Leandro Oliveira

Na Folha online de hoje; assim como as decisões até aqui, o desfecho não é nada auspicioso. Comento mais tarde:

O maestro Roberto Minczuk, que se envolveu em uma polêmica com músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) em março, após determinar que eles se submetessem a uma avaliação periódica, não é mais o diretor artístico da orquestra. Ele pediu desligamento do cargo, mas continua como maestro titular.

Desde esta quinta-feira, a direção artística da orquestra é compartilhada por Fernando Bicudo, ex-diretor do Theatro Municipal, e o produtor e compositor Pablo Castellar.


Na íntegra aqui.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A poesia-pedra de João Cabral de Melo Neto



A educação pela pedra

Uma educação pela pedra: por lições;
para aprender da pedra, freqüentá-la;
captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
ao que flui e a fluir, a ser maleada;
a de poética, sua carnadura concreta;
a de economia, seu adensar-se compacta:
lições de pedra (de fora para dentro,
cartilha muda), para quem soletrá-la.

Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
e se lecionasse não ensinaria nada;
lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
uma pedra de nascença, entranha a alma.


De João Cabral de Melo Neto, retirado do livro "A Educação pela Pedra".

Coitado do Carlos Gomes

por Leandro Oliveira

A semana começou com a entrega do prêmio Carlos Gomes, uma das mais vistosas vergonhas alheias a que me submeti no passado recente - a outra foi ver um amigo como figurante de uma novela das oito, mas isso é bobagem. Nunca fora antes de segunda, e nunca voltarei após esta edição. O prêmio é a mais inequívoca ilustração da ausência de auto-estima do nosso meio musical clássico, o modo evidente de mostrar que, fora a Osesp e sua Sala São Paulo, o Festival de Campos do Jordão e eventos isolados do Cultura Artística e similares, a mediocridade segue soberana entre os formadores de opinião e críticos, que nosso mercado de música clássica é indigente não porque merecemos mas porque queremos. O prêmio Carlos Gomes é onde todos, cumpadres e cumadres, vão prestigiar os amigos dos amigos. Baixa política entre artistas.

A melhor coisa do prêmio foi a ausência de Antonio Meneses.

Após tal auspicio, foi feliz, não posso deixar de dizer, o encontro com mais de noventa pessoas - a maioria crianças - no curso de história da música que ministrei em Mauá, à mercê do projeto Osesp Itinerante. Nove horas onde pudemos ao menos tentar entender o que vale neste mundinho musical, estas mensagens deixadas para nós por nossos antepassados. E fazermos loas a quem loas merece: os gênios que deixaram sua arte para nós.

Ali, no meio de nossas parcas disponibilidades, tentávamos nos aproximar desta coisa extraordinária que é a tradição clássica. Sem pompa ou falatório, estávamos inteiros. Era a melhor maneira de esquecer a mediocridade de André Heller-Lopes...

Deverei falar, se tiver paciência, um pouco mais do prêmio Carlos Gomes, o maior embuste do nosso mundo cultural. Maior que o Jabuti. O Rei está nú, ninguém fala pois todos de um jeito ou outro se locupletam.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Dimensões do diálogo

por Leandro OLiveira

Um dos meus diretores prediletos é Jan Švankmajer. Pensei nele hoje, voltando de Mauá pelo projeto Osesp Itinerante... mais especificamente lembrei do vídeo "Možnosti Dialogu", de 1982. Em três partes, o que me veio à mente retornando da cidade paulistana foi o primeiro. Meu preferido é o segundo.

Divirtam-se.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Sobre a impermanência da comunicação


Communication, in the conventional sense, is difficult under any conditions. People prefer rapport through smoking or drinking together. There is more communication there than there ever is by verbal means. We can share environments, we can share weather, we can share all sorts of cultural factors together but communication takes place only inadequately and is very seldom understood... There is a kind of illusion in the world we live in that communication is something that happens all the time, that it's normal... Actually, communication is an exceedingly difficult activity. In the sense of a mere point-to-point correspondence between what is said, done, and throught and felt between people - this is the rarest thing in the world. If there is the slightest tangential area of touch, agreement, and so on among people, that is communication ina a big way. The idea of complete identity is unthinkable. Most people have the idea of communication as something matching between what is said and what is understood. In actual fact, communication is making. The person who sees or heeds or hears is engaged in making a response to a situation which is mostly of his own fictional invention.

Marshall McLuhan em carta para Gerald Stearn.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Mahler em Viena

por Leandro OLiveira

Hoje Gustav Mahler completaria 151 anos. Sua música, mais do que nunca, está presente em nossas vidas embora siga admiravelmente complexa, estranha e inescrutável para boa parte do público. Meine Zeit wird kommen teria dito o compositor, e seu tempo realmente chegou. Mas a frase não deve ser entendida como a reclamação de um gênio incompreendido ou uma aposta de fé no progresso, já bem nos esclareceu Heinrich Kralik. É, antes, uma profecia dos tempos de caos, catástrofes e angústia que lhe seguiriam. Para Quirino Principe é como se Mahler com esta frase proclamasse "haverá um tempo em que as pessoas se darão conta de serem representadas, descritas e identificadas pela minha música, e entenderão que esta música - e seu caos, e sua angústia - esteve nelas desde sempre".

Eu escrevi para a Dicta um artigo onde me pus de um lado inequívoco, entendendo o compositor como uma espécie de cínico que com sua música conflagra ou, como digo ali, deseja tais momentos de pesadelo; outros autores, todos mais respeitáveis que eu, imaginam nessas palavras a clarividência de um gênio, em uma vã tentativa de representação da dissolução já anunciada por indícios de seu mundo e, sobretudo, o anseio desesperado de frená-la.

Foram três ou quatro grandes eventos que instauram a modernidade em Viena no ano de 1897. Como eventos da mesma grandeza, ao lado da morte de Brahms e o anúncio da Sezession, devemos colocar a nomeação de Gustav Mahler como diretor da Ópera Imperial. Isto em um ano para não esquecer: em 1897, naquela cidade, Freud inicia sua auto-análise, Herzl organiza a partir dali o primeiro Congresso Sionista, Karl Kraus publica "Die Demolierte Literatur" que satiriza o Jung-Wien dos amigos Arthur Schnitzler, Peter Altenberg e Hugo von Hofmannsthal. É neste ambiente que Mahler triunfa como Kapellmeister, realizando uma pequena revolução administrativa nos palcos do teatro que todos estes freqüentavam.

Sua música segue, aqui como lá, adorada e vilipendiada no mesmo grau. Para abrandar os espíritos, em seu aniversário, coloco esta versão irretocável, no original, para piano e voz, de uma obra preferida.


Retirado de "Fünf Lieder nach Texten von Friedrich Rückert (1788-1866)".

Ich bin der Welt abhanden gekommen,
Mit der ich sonst viele Zeit verdorben,
Sie hat so lange nichts von mir vernommen,
Sie mag wohl glauben, ich sei gestorben!

Es ist mir auch gar nichts daran gelegen,
Ob sie mich für gestorben hält,
Ich kann auch gar nichts sagen dagegen,
Denn wirklich bin ich gestorben der Welt.

Ich bin gestorben dem Weltgetümmel,
Und ruh' in einem stillen Gebiet!
Ich leb' allein in meinem Himmel,
In meinem Lieben, in meinem Lied!

(Thomas Hampson - barítono e Wolfram Rieger - piano. Gravado ao vivo no dia 18 de agosto de 2005 no Salzburger Festspiele 2005)

Antonio Candido na Flip

Por Leandro Oliveira

O Fábio Cardoso envia mensagem de Paraty. Segue lá, direto do site da Dicta:

Aos 92 anos, Antônio Cândido de Mello e Souza é o principal crítico literário do país. Ponto. E não é de hoje. Sobre isso, muito já se escreveu e é mesmo espantoso que apenas na nona edição da Festa Literária Internacional de Paraty ele tenha aparecido para dar o pontapé inicial no evento, com sua mistura de elegância carioca, cosmopolitismo paulistano e rabugice mineira. Por exemplo, ao dar uma pequena entrevista coletiva à imprensa – algo raro para quem já disse que estava aposentado da “vida intelectual” -, Cândido usou de todo o seu charme de gentleman para enfeitiçar os jornalistas, ainda que não parasse de reclamar dos achaques da idade ao viajar de automóvel pela sinuosa serra de Paraty; mesmo assim, um deles, uma mulher, ficou encantada com as palavras do Elder Statesman de La Rive Gauche e exclamou em seu twitter ao testemunhar os apupos efusivos do público quando o Mandarim da Crítica Literária nacional entrou no palco: “Ai que fofo!”.

Toda essa introdução se justifica não para apresentar quem dispensa “folha de rosto” ou contextualizações para não-iniciados, mas, essencialmente, para enfatizar que Antônio Cândido “frustrou” as expectativas de quem esperava por uma leitura acadêmica ou teórica sobre o homenageado da vez, o escritor modernista Oswald de Andrade. (...)


A íntegra aqui.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Observatório Ocidentalismo

por Leandro Oliveira

Digam lá: o mundo não está cheio de gente assim?



Sabemos que as coisas estão de pernas para o ar quando vemos um gato latindo da janela - e que, evidentemente, pego com a boca na botija, disfarça.

É um cachorro mesmo!

Nem tudo que é um horror é ruim.

por Leandro Olveira

O título é meu, mas o texto é excelente: Leonardo Oliveira (faríamos uma dupla sertaneja, pois não) no Euterpe.

Por incrível que pareça, tenho algumas coisas a dizer sobre o filme "Immortal Beloved" (“Minha Amada Imortal”), hoje mais lembrado como mais uma das caricaturas do cinema dos anos 90. Dirigido por Bernard Rose, o filme ficou famoso ao romancear a busca pela identidade da unsterbliche geliebte (“bem-amada imortal”) a quem Beethoven dirigiu uma misteriosa carta, de fato encontrada entre seus pertences após sua morte em 1827.

A ideia que estrutura o filme, que reconta algo de toda a vida e obra do compositor, é o seu próprio twist final: a Amada Imortal de Beethoven, enigma biográfico de mais de século, teria sido Johanna van Beethoven, sua própria cunhada tão duramente criticada e combatida judicialmente pela guarda do sobrinho. A ideia não tem qualquer respaldo biográfico, mas então qual seria a sua graça? (...)


Para íntegra, clique aqui.

Dicta na Flip

por Leandro OLiveira

Fui poupado de ir à Flip deste ano pois a Dicta enviou um correspondente... A info está no site deles:

Sim, nós somos pobres, não temos metade do orçamento da grande imprensa, mas estaremos lá, na Maravilhosa-Incrível-Festa-de-Literatura-Internacional-de-Paraty, a.k.a. FLIP, cobrindo diariamente neste blog lido por todos e negado por muitos o tal evento que todos amam odiar e que todos querem ir.

Quem fará a cobertura será o jornalista Fábio Silvestre Cardoso que, segundo me informaram, tentará ser o menos próximo da cobertura amebiótica que existe nos cadernos culturais dos jornais que todos lemos no café da manhã. Pelo menos é o que combinamos na reunião de pauta...


Para a íntegra, clique aqui.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Tchaikovsky Competition and beyond

por Leandro Oliveira

É o que se fala no mundo civilizado. Após a aparente derrocada do formato "concurso de música", eis que Valery Gergiev assume a presidência do Tchaikovsky Competition, convida alguns dos artistas mais prestigiosos da atualidade para o corpo de jurados - Nelson Freire esteve lá mas declinou após a primeira semana por estafa - e fez agitar a coisa toda.

Como sempre, muita polêmica. A principal, a saída de Eduard Kunz, muito cedo pelo que parece. E, em casos assim, o esperado: o sujeito não levou o prêmio mas já ganhou o que precisa que é visibilidade e reputação. Sua participação no evento balançou o mundo musical.



Coisas oportunas: acusações de xenofobismo com candidatos dos países satélites, juízes abandonando o certame por motivos de força maior, "ingerência política" nos resultados parciais. Não que as coisas estejam necessariamente relacionadas.

Ao fim e ao cabo, os vencedores:

Piano: Daniil Trifonov (russo);
Violino: sem medalha de ouro, dois segundo colocados: Sergei Dogadin (russo) e Itamar Zorman (israelense);
Cello: Narek Hakhnazaryan (armênio, que foi insultado por um maestro da competição por ser "caipira");
Voz: Sun Young Seo e Jong Min Park (coreanos).

Coreanos?!

Para saber mais, sugiro o excelente Tom Service, que acompanha tudo de lá.

****

Ia falar do encontro com Roberto Minczuk e a turma da Dicta semana passada. Não consegui por motivos inadiáveis - fui descansar. Mas Greg Sandow, que diz coisas que interessam e são pertinentes, diz o que seria ainda mais pertinentes no contexto do encontro. Seguir seu artigo, já na quarta parte, é a melhor maneira de concluir a discussão.

Why aren't orchestras subject (in public, or even very much in private) to detailed comparisons, revealing how well they play?

I think there are four reasons. (...) First: it would be hard to do anything with the information these comparisons would supply. (...) Second: the ideology of classical music says that everything's wonderful. (...) Third: it's in orchestra managements' interest not to have quality talked about. (...) Fourth; it's in the musicians' interest not to have their quality talked about. (...)

If baseball teams had boards, of course the comparisons would be talked about. (...)


Na mosca, não? Na íntegra aqui.

Duas iluminações de HIlda Hilst



Quem és? Perguntei ao desejo.
Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada.

****

Enquanto faço o verso, tu decerto vives.
Trabalhas tua riqueza, e eu trabalho o sangue.
Dirás que sangue é o não teres teu ouro
E o poeta te diz: compra o teu tempo

Contempla o teu viver que corre, escuta
O teu ouro de dentro. É outro o amarelo que te falo.
Enquanto faço o verso, tu que não me lês
Sorris, se do meu verso ardente alguém te fala.
O ser poeta te sabe a ornamento, desconversas:
“Meu precioso tempo não pode ser perdido com os poetas”.
Irmão do meu momento: quando eu morrer
Uma coisa infinita também morre. É difícil dizê-lo:
MORRE O AMOR DE UM POETA.
E isso é tanto, que o teu ouro não compra,
E tão raro, que o mínimo pedaço, de tão vasto

Não cabe no meu canto.


Para ler mais da Hilda Hilst, clique aqui.
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