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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Villa-Lobos sem charuto

Por Leandro Oliveira

No youtube não canso de encontrar documentos extraordinários. Esta entrevista famosa, finalmente disponível para o grande público, é de Heitor Villa-Lobos falando sobre a música e o Brasil em 1951.

Às vezes lembra, se me perdoam o senso de humor, o Gilberto Gil. Está tudo aí: o tom salmódico, o papo quase esotérico, a exaltação das forças atávicas brasileiras como legitimadoras da "música do coração" que é aquela da produção nacional. Um discurso estético pleno de populismo e contradições, que se sustenta menos pela sua lógica ou inteligência e mais pelo seu carisma - ou melhor, o carisma de uma música que não está lá, mas que não podemos deixar de ouvir o tempo todo quando sabemos que é um discurso de Villa-Lobos.

Afinal, Villa fala como compõe. Só que quando faz música, as contradições se resolvem, a irreverência se justifica pois a produção poética se presta exatamente a isso: abrir portas para as possibilidades da realidade. E como diziam os romanos, a digito cognoscitur leo; e os dedos do Villa estão na sua música, não em seus projetos ou idéias políticas. A obra do Villa redime qualquer e todos os seus pecadilhos intelectuais.

Aos interessados em adquirir o original - um CD que conta ainda com o próprio compositor executando seus prelúdio e o choros nº1, além de outras peças para piano -, um possível caminho para compra aqui.


Esta semana, a Osesp apresenta o "Choros nº6" de Heitor Villa-Lobos.

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