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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A menor distância

"Laughter is the closest distance between two people"
Victor Borge (1909 - 2000)

Por Leandro Oliveira

Um tipo muito sofisticado de clown desapareceu. Ele ocupava as salas de concerto não para fazer o público rir à la Haydn (explico isto em outro post)e sim através de paródias musicais, "contação de histórias" pseudo-biográficas, tiradas de palco cartoonescas.


Nesta arte o pianista dinamarquês Victor Borge (1909 - 2000) foi um pioneiro e mestre. Poucos anos após seu primeiro concerto importante em 1926, Borge iniciou um show que misturava curiosamente música e brincadeiras de palco, numa apropriação muito particular das técnicas de stand-up comedy.

Segundo consta, em 1933 começou a excursionar pela Europa colocando em seu repertório piadas anti-nazistas - o que teria feito com que na ocasião da ocupação alemã na Dinamarca, ele tivesse que fugir para os Estados Unidos.

Foi a partir de programas de rádio que Borge encantou imediatamente as platéias americanas. Algumas de suas tiradas como a "pontuação fonética" (uma forma de ler os textos com todos seus sinais) e a "linguagem inflacionária" (que valendo-se da lembrança dos anos difíceis da Grande Depressão, subvertia alguns dos usos ordinários das palavras inglesas) são verdadeiros achados do humor moderno.

Anos mais tarde, por conta de seu sucesso na televisão, Borge tornou-se um astro que compartilhava palcos com Dean Martin, e lotava as salas de concerto de todo mundo. Seu público comprava ingressos não para ouvir mais uma versão das sonatas de Beethoven ou dos concertos de Mozart, mas para ver a descoberta de uma hipotética nova ópera de Mozart, saber o que NÃO faz um regente de orquestra ou ouvir uma inusitada história do piano.

Borge era absolutamente adorado por adultos e crianças. Na década de 70 participou de episódios do Muppet Show realizando alguns dos momentos mais engraçados da história da televisão. Até o final de sua vida foi um astro cuja presença era motivo de alegria e música para todos. Algumas carreiras célebres como a de Dudley Moore devem seu início diretamente aos caminhos que Borge abriu.


Em 2009, Borge faria cem anos de nascimento e este ano completa 10 anos de sua morte. Homenagens merecidas ao redor do mundo celebraram sua memória.

PS: O vídeo abaixo é "filosoficamente" o meu preferido; alguém mata a charada?

2 comentários:

Leonardo T. Oliveira disse...

Não conhecia, muito bom!

No último vídeo o piano é que estava desafinado? XD

Leandro Oliveira disse...

Acho que é mais legal que isso Leo. Para explicar conto um caso: estive com amigos andando com GPS no carro. À nossa frente tínhamos o parque para onde queríamos ir; o mapa digital apontava para virarmos à esquerda e depois dar a volta no quarteirão. O que os motoristas fizeram? A volta no quarteirão. O Victor Borge faz o mesmo: ele ouve que está errado, mas quando o "mapa" diz para fazer, ele se satisfaz. Acho ótimo.

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