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terça-feira, 17 de agosto de 2010

...no, you can't!


Continuação de "You can't have it all".

Há tempos o feminismo enche jovens mulheres de falsas expectativas. A pregação feminista ensina que as mulheres têm sido maltratadas desde os primórdios da humanidade. Enquanto movimento social, o feminismo prega que uma sociedade justa é aquela em que homens e mulheres são tratados igualmente em todas as circunstâncias, muito embora seja razoável pensarmos que devam sim ser considerados de forma diferentes (pequeno adendo a este respeito: duvido que alguma feminista iria querer igualdade caso estivesse presente no naufrágio do Titanic e não houvesse lugar para todos no último bote de salvação. Tivesse o Titanic afundado em tempos pós-revolução feminista, certamente a maioria dos sobreviventes não seria composta de mulheres – aliás, obrigada feminismo por ter nos legado também a morte do cavalheirismo e da gentileza!); enquanto movimento econômico ensina que a verdadeira realização da mulher só pode ser encontrada no trabalho pago.

Deve ficar claro ao leitor que há uma diferença entre feminismo e feminino. O feminismo pode ser também chamado, em razão de sua missão, de “movimento de liberação das mulheres”. "Liberação de quê?", indagará o leitor. Liberação daquilo que se julgou oprimir e diminuir a mulher, a saber: o casamento, o marido, os filhos, o lar. Para uma feminista, exercer essas funções colocava a mulher em relação de inferioridade ao homem, e legitimava a dominação masculina. Para citar Betty Friedan, o lar se configuraria como um “campo de concentração confortável”.

Já o que é feminino é de outra ordem, totalmente diversa. Uma mulher feminina (não feminista) nos tempos atuais é aquela que aprecia ser mulher em todas as suas particularidades e diferenças, que está ciente de que pode realizar-se em diversas carreiras de sua opção, inclusive a carreira doméstica de mãe e esposa. Sei que não estou sendo original, muito antes de mim, mulheres como Phyllis Schlaflly e Carolyn Graglia, por exemplo, já haviam dito o mesmo. De fato, pode-se encontrar lucidez em toda parte, até mesmo entre as feministas: para citar apenas duas sugiro Naomi Wolf e Susan Pinker (link fechado para assinantes UOL).

O que minha colega de salão percebeu foi a urgência de estar perto e cuidar de seu bebê por todo tempo que fosse possível. Talvez, o que ela pretenda evitar seja o já tão batido arrependimentos das mães que se focaram em suas carreiras, e por isso, precisaram entregar seus filhos aos cuidados de babás e creches. De fato, no momento derradeiro ninguém pensa “Eu gostaria de ter passado mais tempo no trabalho”. O que a maternidade traz é um apelo milenar cujo conteúdo não trata somente da criança precisar da mãe, mas também da mãe precisar da criança. E isso está além de qualquer suposta opressão social. Culpem Deus... ou Darwin, tanto faz. Mas que é assim é!

Evidente que não estou propondo uma revolução feminista ao contrário, tampouco está se dizendo aqui que todas as mulheres devam abandonar suas carreiras por todo sempre para serem mães. Apenas proponho que as mulheres de hoje, principalmente as mais jovens, exerçam sua faculdade reflexiva e ajam com ceticismo mediante propostas feministas falaciosas que fazem crer ser possível ter tudo depois de obter sucesso profissional. O fato é que muito provavelmente o mundo não será seu, e escolhas deverão ser feitas a respeito do conflito “carreira X maternidade”.

O problema da escolha não está no que você escolherá para si propriamente, mas sim, no que escolherá abrir mão.

Por Talyta Carvalho

4 comentários:

Leonardo disse...

Um texto magnífico! Pergunto-me se a tal da "crise do homem" (se existe) não vem, em parte, dessa mulher feminista. Pois muitas hoje de fato não sabem mais receber uma gentileza nem lidar com um cavalheiro - acham até brega.

O fim de seu texto lembrou-me uma frase da peça teatral de um amigo:

"Amar é escolher, e escolher é excluir."

Parabéns!

w disse...

Realmente um texto magnífico.

Unknown disse...

Obrigada W!

Leonardo, penso que essa suposta crise do "homem" pode ser sim percebida enquanto consequência do feminismo. Se os homens andam "confusos" acerca de seu papel, ou ainda, se já não sabem mais como serem "homens", é porque, há algum tempo, as mulheres não são mais mulheres. Obrigada por seu comentário, abraço!

Nathalia Schrijnemaekers disse...

Amie, parabéns pelo texto de estréia. Como sempre arrasando.. espero mais!

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